
12/5/2015 – 12:54h
A afirmação do título é de Maurizio Manzo. Profissional dinâmico e muito solicitado pelo mercado, especialmente o mineiro, atualmente ele tem seu nome numa seleta lista de nove ilustradores brasileiros indicados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil para concorrer a um prêmio internacional, o da Bienal de Ilustrações de Bratislava (BIB) 2015, que será realizada no período de setembro a 25 de outubro, na capital e principal cidade da Eslováquia, na Europa Central. O trabalho de Maurizio Manzo que vai concorrer se refere às ilustrações do livro “Isca de Pássaro é Peixe na Gaiola”, de autoria de Antônio Barreto, lançado em 2013, pela Editora Miguilim.

Um júri internacional organizada pela BIB 2015 vai decidir qual ilustrador merece receber o Grande Prêmio ou as cinco Maçãs de Ouro ou as cinco Placas de Ouro ou as Menções Honrosas. Além da exposição de originais e da premiação das melhores artes, a BIB prepara ainda um catálogo bilíngüe com a reprodução das ilustrações selecionadas para a exposição, fotografias e dados biográficos dos ilustradores _ leia o post do blog de 28 de abril.
O ilustrador, com certeza, é forte candidato, mas mesmo assim sua cabeça continua ligada ao trabalho do dia a dia e longe da efervescência que a indicação possa provocar: “Não acredito muito nisso”. É continuar trabalhando com seriedade e dedicação; continuar aprendendo”.
O talento do artista
Maurizio Manzo tem desenvolvido belos trabalhos, além do que foi indicado ao prêmio, com reconhecida qualidade artística. Em entrevista ao Blog Conta uma História, ele expressou sua reação diante da indicação para esta láurea respeitada mundialmente: “Foi uma grande surpresa, quando recebi a notícia. É uma honra e uma grande alegria. Quanto à questão de concorrer, não vejo dessa forma e não penso muito a respeito. A participação já é algo muito bom. Se começo a pensar na ilustração a nível nacional ou mundial, daí a certeza de que tenho muito a aprender ainda”.

Sobre as ilustrações do livro “Isca de pássaro é peixe na gaiola”, ele conta que para ilustrar os poemas do Antonio Barreto, escolheu fazer o livro todo com caneta esferográfica tipo BIC na cor preta, com quatro variações de escritas: cristal, cristal fina, cristal pocket e cristal soft. “Utilizei uma cor de apoio apenas. A princípio pensei em um livro em preto e branco, buscando um pouco a memória dos anos 80, onde livros mais artísticos eram produzidos em preto e branco ou em bicromias”.

A técnica do ilustrador
Maurizio Manzo revela que não adota a mesma técnica em todos os livros que ilustra, pois gosta de variar _ veja as próximas imagens. “Acredito que cada história tem sua própria luz, suas cores, suas formas. Acho que cada narrativa demanda um estilo que varia de acordo com a proposta apresentada e os sentimentos que ali estão descritos. Por exemplo: uma história para crianças pequenas não pode ter o mesmo tratamento gráfico visual que uma escrita para jovens adolescentes. E quando vario de técnica, aprendo um pouco mais, o trabalho fica mais dinâmico e gosto muito quando me surpreendo com o resultado”.

Segundo ele, fica difícil descrever seu estilo para conceber os personagens das histórias infantis que ilustra, pois costuma mudar a técnica e o próprio estilo de acordo com a obra. “O que posso dizer é que tenho certo cuidado, principalmente em relação à velocidade de leitura das imagens, algumas vezes mais lenta, outras mais rápidas. Em geral procuro pensar no todo e vários elementos são levados em conta, o projeto gráfico, a tipografia, a relação desta com as imagens, a escolha do papel (peso, textura e luminosidade), o formato do livro, a escala cromática, etc.

O público infantil
Para atrair o leitor, que ainda está se formando, Maurizio Manzo considera algo especial: ele acredita “na dinâmica da vida” e procura apresenta para a criança “uma boa variação daquilo que está ligado às artes e cultura, criar o hábito de frequentar livrarias, cinemas, exposições de artes visuais, peças de teatro, com atores ou bonecos, shows de música, ler revistas em quadrinhos e por aí vai. E com a frequência, curiosidade e conversas com os amigos ou familiares, os gostos vão se formando e o leitor vai sendo construído. Acredito na riqueza cultural, alguém que sabe ouvir uma boa música com certeza vai saber escolher um bom livro para ler”.
Acostumado a ilustrar para crianças e jovens, sabe o quanto ambos são exigentes. “Cada um ao seu modo”.
O mercado
Maurizio Manzo não fala de tendências para a ilustração infantil, mas toca em algo precioso: “Sempre haverá um lugar especial para a originalidade. Acredito que as ilustrações mais próximas das artes plásticas irão ser valorizadas cada vez mais”.

Segundo ele, o Brasil sempre teve bons ilustradores. Sobre a projeção dos brasileiros no exterior ele explica que, “talvez o mundo esteja ‘menor’ com a ajuda da internet e assim a visibilidade dos profissionais esteja mais em evidência. Tenho comigo uma coleção da Editora Abril Cultural de 1972, clássicos adaptados para jovens e ali já podemos ver belíssimos trabalhos, como as incríveis imagens para Moby Dick ou O Conde de Monte Cristo ilustradas por Luis Trimano; Alice no país das maravilhas, por Lila Figueiredo; Dom Quixote por Walter Hune; A volta ao mundo em oitenta dias, por Alberto Naddeo; 20.000 léguas submarinas, por Getúlio Delphin. Ainda é bom citar Nico Rosso, Carlos Alberto Lozza, Liberato Pastorelli, entre outros excelentes profissionais.
