Como autora do livro que dá título a essa matéria, hoje, eu vou apresentar o ilustrador Robson Alves Araújo, escolhido pela Eis Editora para dar formas visuais, através de 15 belas e ricas imagens, à história de um triste caracol que tem sua alegria de viver resgatada ao admirar a beleza de uma flor do meio-dia.
Enquanto eu, Rosa Maria, espero ansiosa a gráfica produzir mais um livro infantil que escrevi, vou apresentar para vocês o profissional que ilustrou as 32 páginas de “O caracol e a bela flor”. Eu gosto muito desse livro, por que apresenta uma história de superação, de crescimento individual, de evolução, porém, a partir da natureza, do belo, do acolhimento.
Os personagens são um caracol e uma flor do meio-dia, que vivem no jardim da casa de vô Antônio e vovó Rosa e onde brincam os netos Miguel e Daniel. Um jardim bem cuidado, com várias espécies de flor e outros pequenos animais, reconhecidamente acolhedor e bonito.
Imagine o dia a dia de um pequeno caracol vivendo praticamente sozinho e isolado debaixo de uma terra escura e úmida. Ele não conhecia as cores, a luz do sol, nem outras companhias. O que poderia dar alegria e ânimo para esse caracol? Nem ele sabia. Mas o destino deu um jeitinho de lhe mostrar. Afinal, ele vivia num jardim muito especial e junto com outros seres que sabiam ser encantadores. Lá, ele aprendeu uma incrível lição ensinada principalmente por uma “flor do meio-dia.” O caracol transformou-se para encontrar a felicidade.
O ilustrador
Robson Alves Araújo é carioca e mora por entre as serras de Petrópolis. Mas já morou rodeado também pelas montanhas de Minas Gerais, em Betim. Além de ilustrador, é caricaturista.
Em 1997, recebeu a menção de “Ilustrador Revelação” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Vários de seus trabalhos receberam a menção “Altamente Recomendável” da mesma fundação e grande parte deles foram selecionados para o catálogo brasileiro anualmente presente na principal feira de literatura infantil que é realizada em Bolonha, na Itália.
Como caricaturista, participou de vários salões de humor do país. Em 1992, recebeu a menção honrosa da mostra de caricaturas promovida pelo jornal japonês Yomiuri Shimbun.
Robson Araújo segue com sua arte sempre pesquisando, criando e inovando para envolver textos de literatura infantil no que há de mais belo. Por e-mail, ele concedeu uma entrevista para o blog e, através dela, fala de das técnicas adotadas para criar as imagens do livro “O caracol e a bela flor”.
Entrevista
Tenho a impressão que você teve muita empatia com a história “O caracol e a bela flor”. O que mais liga o ilustrador ao texto?
Robson Alves: Sim, empatia é fator principal para entrar na história. Uma das coisas que me ligam também ao texto é a liberdade artística que o autor nos dá, ficar à vontade e deixar a imaginação voar…
Como foi a concepção de seu trabalho?
RA: Muita imaginação e lembranças da minha infância. Sabe, uma das minhas lembranças da infância era o fascínio sobre bichinhos estranhos, entre eles, um simples caracol… não imaginava que poderiam ser tão complexos… kkkkkkkk
Como você desenvolveu cada parte desse trabalho até o resultado final?
RA: Olha, à medida que vou lendo os textos, tento traçar na mente uma sequência de imagens coerentes, desenvolvendo a narrativa visual é só deixar fluir…
Quais as técnicas que usou para desenho e pintura?
RA: Há muito tempo não trabalhava com aquarelas. É muito bom sair um pouco da pintura digital. Além da aquarela, faço um acabamento por cima, com lápis aquarelado para acender a ilustração. Ainda faço algumas intervenções legais, digitalmente, aposto que o autor nem percebeu…
Verdade, eu não percebi. Continuando: por que escolheu essas técnicas?
RA: O texto pedia. Além de ser um texto gostoso, se passa num jardim. Quer coisa mais delicada que flores?
Qual foi o total de ilustrações?
RA: 15 cenas, contando com a capa.
Qual o maior desafio na produção desse livro?
RA: Não é pretensão, mas foi tão gostoso fazer esse livro, que nem me senti desafiado, ao contrário, me senti honrado e deu até pena de terminar. Mas posso dizer o que é um desafio pra mim e acho que pra outros ilustradores: o tal do “prazo”. Por favor editores, deem um prazo legal para fazermos bons trabalhos.
Tem alguma ilustração que você destaca ou que tenha gostado mais?
RA: Difícil viu? Mas posso destacar a cena em que aquele caracolzinho cabisbaixo, se sentindo inferiorizado, apagado, finalmente encontra sua parceirinha “flor do meio-dia”. Desabrochando junto com ela e percebendo que de feio não tem nada.
Quantos livros infantis já ilustrou?
RA: Sério, não faço ideia. São muitos mesmo, pois desde os anos 90 ilustro livros infantis… não tenho noção, mas foram muitos.
Como é trabalhar com literatura infantil, produzir para encantar as crianças?
RA: Pode parecer clichê, mas é uma “volta” à infância. É gratificante e um privilégio trabalhar com literatura infantil, saber que uma criança lê um livro ilustrado por mim é bom demais.
Quando começou esse trabalho?
RA: Nos anos 90, eu trabalhava em um grande jornal de Belo Horizonte, onde eu era ilustrador e minhas ilustrações, que eram diárias, começaram a chamar atenção de algumas editoras locais. Assim, comecei a me tornar conhecido e nunca mais parei. Hoje trabalhando pra várias editoras do país.
Como disse mais acima, me sinto privilegiado em trabalhar e ganhar a vida com que gosto. Todo livro que me encomendam, me sinto honrado em ilustrá-lo, honrado em saber que um autor (que, muitas vezes, nem conheço), confia em meu trabalho e acredita na minha capacidade em interpretar seus textos. Obrigado autores e editores. Mandem mais textos…