

Segundo dados da FTD, com esses elementos simples, a menina inventa um universo de fantasia e, com muita imaginação, vive grandes aventuras, observada de perto pelo gato, pelo cachorro e pelos pombos do quintal. A narrativa brinca com a ideia de acúmulo, comum em obras para essa faixa etária. Entretanto, em vez de repetir trechos do texto (como na tradicional cantiga “A velha a fiar”, por exemplo), em “Pronto, foguete, vamos!”os objetos utilizados para construir o foguete é que vão se acumulando.
Essa história escrita por Estevão Azevedo é reforçada com muita graça nas ilustrações de Ana Matsusaki, com uma técnica que mistura recortes de fotografia e desenhos, que parecem feitos por crianças pequenas, acrescentando à narrativa textual uma camada visual divertida, repleta de detalhes para serem descobertos a cada leitura. Realidade e fantasia caminham lado a lado no livro: a realidade, nas páginas de fundo branco; a fantasia, nas de fundo preto. Quando o foguete “sobe” (ou cai?), no entanto, os dois mundos, o imaginário e o real, coexistem na mesma ilustração. Nesse momento, o fundo azul do mar enche a página, anunciando uma nova brincadeira.
Esse texto, por exemplo, está na página preta acima:
“Depois desse voo teste, Iolanda desceu e buscou o penico.
Agora sim, como um assento mais adequado a um piloto especial como ela, parecia um ótimo foguete.
Iolanda escalou a poltrona, subiu na mesa, passou pela alfaia, galgou o penico e pronto: a aventura espacial poderia começar:
_ Um, dois, três… Pronto, foguete, vamos!”
E o texto abaixo na página branca:
“Mas o foguete não saiu do lugar. A arara, mesmo esmagada pelo penico e pela menina, prestou atenção na explicação:
_ Deve estar sem combustível.
…
Aliviada, ela não esmoreceu. Já ia saltar lá de cima para aprimorar sua invenção quando, de repente, o foguete começou a chacoalhar”.
Subiu ou não subiu? Posso garantir que a imaginação da menina estava satisfeita. Tão satisfeita que ela decidiu bem rápido e ainda convidou a arara:
“Agora venha comigo juntar as peças pro submarino.
_ Um, dois, três… Pras profundezas do mar, vamos!”
“O livro ressalta valores como perseverança e criatividade e mostra como aproveitar o que cada situação da vida pode trazer de bom. Se o foguete desmorona, por que não usar suas peças para fazer um submarino?”, questiona o escritor Estevão Azevedo.
“Como esse foi o primeiro livro que ilustrei com uma história acumulativa, o processo foi bem diferente de todos os outros que já fiz. Entendi as imagens do livro como um quebra-cabeças. Se algum detalhe mínimo, como uma plantinha, mudasse de posição em uma das páginas, eu tinha que ajustar todas as páginas seguintes. Eu me diverti muito pensando e inventando cada um desses detalhes e, desde o início, me agradava a ideia de que as crianças tivessem que ir e voltar as páginas várias vezes para poder comparar como os objetos da realidade se transformavam na imaginação de Iolanda”, complementa a ilustradora Ana Matsusaki.
O autor Estevão Azevedo nasceu em Natal, em 1978. Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), escritor e editor, é autor do volume de contos O som de nada acontecendo; dos romances Nunca o nome do menino, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, e Tempo de espalhar pedras, finalista do prêmio Oceanos, eleito Livro do Ano pelo Prêmio São Paulo de Literatura e também publicado na Itália e em Portugal; e do ensaio crítico O corpo erótico das palavras: um estudo da obra de Raduan Nassar. “Pronto, foguete, vamos!”é seu primeiro livro infantil.
Ana Matsusaki, a ilustradora, é de São Paulo e, desde 2018, vive em Curitiba, em sua casa-estúdio. Formada em Design Gráfico, já trabalhou para as principais editoras do país, ilustrou mais de quinze obras e, em 2020, lançou seu primeiro livro como escritora, A colecionadora de cabeças.
“Pronto, foquete, vamos!” é recomendado a partir do 2o ano do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, tem 32 páginas e custa R$ 45,00.